Identidade de gênero: o que é, tipos e outras questões

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Imagine que você decidiu começar um curso, faculdade, academia ou qualquer outra atividade.

 Você recebe aquela ficha de inscrição  básica e começa a preencher os campos. É necessário informar dados como: nome, data de nascimento, naturalidade, estado civil e gênero

Em muitos casos há apenas duas caixinhas para escolher: “masculino” ou “feminino”. A maior parte das pessoas marca uma dessas caixinhas automaticamente, sem pensar muito sobre o assunto. 

Parece que todo mundo nasce já pronto para caber em uma das duas caixas, não é mesmo? 

Mas… será que esta é a melhor maneira de lidar com o gênero? Será que só existem mesmo dois gêneros? E por que muitas pessoas não se identificam com nenhum deles?

Hoje nós vamos conversar sobre a identidade de gênero: o que é, quais são os tipos, se há relação com a sexualidade. 

E vamos explicar também  por que este assunto vem sendo (cada vez mais) debatido.

O que é identidade de gênero?

A identidade de gênero é a forma como uma pessoa se sente em relação aos papéis sociais atribuídos aos gêneros. 

Ou seja: algumas pessoas se identificam com as características associadas ao gênero feminino. Outros indivíduos, por outro lado, sentem que seu jeito de ser se adequa ao gênero masculino

Claro que isso depende muito daquilo que a sociedade compreende como “masculino” ou como “femino”

Por exemplo: socialmente, usar maquiagem e salto alto é visto como um comportamento “feminino”. Não depilar os pelos do rosto, por outro lado, é compreendido pela maior parte das pessoas como um comportamento “masculino”. 

Portanto, a identidade de gênero é o quanto uma pessoa se identifica como pertencente ao gênero masculino ou feminino. 

Durante algum tempo se acreditou que o gênero biológico determinava a identidade de gênero das pessoas. Mas sabemos que nem sempre é assim que funciona.

Mas… será que só existem essas duas opções, gênero masculino ou feminino? Vamos falar sobre isso mais adiante. 

Antes, vamos entender um pouco melhor o que é, exatamente, o gênero biológico

Primeiro: entenda o que é gênero

Gênero biológico não é o mesmo que identidade de gênero. O gênero biológico é definido a partir dos órgãos sexuais que a pessoa tem quando nasce. 

Desde o nascimento, a família  e a sociedade esperam que uma criança se identifique e se comporte conforme seu gênero biológico. Conforme vamos crescendo e formando outras relações sociais, essa expectativa continua e é reforçada. 

De fato, muitas pessoas que nascem com o gênero biológico masculino se sentem e se comportam de uma forma entendida pelas outras pessoas como masculina. O mesmo vale para as pessoas que nascem biologicamente com o gênero feminino. 

Vale lembrar que aquilo que se considera como masculino ou feminino varia muito de acordo com a cultura, época, região, entre outros fatores. 

Mas é perfeitamente possível que um indivíduo nasça com gênero biológico masculino e se identifique mais com o gênero feminino. E vice-versa: há pessoas que nascem com o gênero feminino, mas se identificam com o gênero masculino. 

Ou seja: a identidade de gênero nem sempre tem relação com o gênero biológico da pessoa.

Além disso, algumas pessoas nascem com um gênero biológico que não se encaixa em masculino ou feminino. Devido a combinações genéticas, hormônios, ou outros fatores biológicos, essas pessoas são chamadas de intersexo. 

E elas, como todas as outras pessoas do mundo, irão desenvolver sua própria identidade de gênero.

Então a identidade de gênero é uma escolha?

Conforme dissemos antes, a identidade de gênero é a forma como cada pessoa se sente, se percebe e se identifica

Independente do gênero biológico, algumas pessoas se identificam mais com o gênero feminino, outras com o gênero masculino. Também existem pessoas que se identificam com os dois gêneros. E há pessoas que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino. 

Há mais de 30 identidades de gênero diferentes. Isso porque a vivência e os sentimentos de cada indivíduo são muito pessoais. A identidade de gênero diz respeito à experiência e aos sentimentos de cada um.

Mas como alguém descobre qual é a sua identidade de gênero?

Descobrindo a identidade de gênero

A identidade de gênero é a forma como a pessoa se sente em relação a si própria. Isso quer dizer que as pessoas descobrem sua identidade de gênero devido aos seus sentimentos em relação a si próprias

Isso quer dizer que a identidade de gênero não é uma escolha. Afinal, ninguém pode escolher os próprios sentimentos. Também não é possível escolher de que forma nós nos vemos ou nos compreendemos enquanto seres humanos. 

A identidade de gênero não é visível para os outros. Ninguém pode saber como outra pessoa se sente ou se percebe.  

Mas cada um pode escolher se deseja ou não expressar a sua identidade através da sua forma de ser e de agir. 

O que é expressão de gênero?

A expressão de cada gênero acontece através dos comportamentos associados ao gênero com o qual uma pessoa se identifica. 

Esses comportamentos podem ir desde as coisas mais simples até as mais complexas. Por ser algo extremamente pessoal, cada pessoa irá expressar sua identidade de gênero de uma forma diferente. 

Logo, a identidade de gênero não é uma escolha, mas a expressão de gênero é, sim, uma opção. Uma pessoa pode escolher se deseja ou não expressar sua identidade de gênero.

A forma como cada indivíduo irá expressar sua identidade de gênero também é extremamente pessoal. Logo, a expressão da identidade de gênero  varia de pessoa para pessoa. 

As pessoas sempre tiveram identidade de gênero?

Todos nós expressamos nosso gênero. Acontece que para as pessoas cisgêneras (aquelas que se identificam com seu gênero biológico), essa expressão não é um problema.Isso porque a sociedade espera e incentiva a expressão de gênero dessas pessoas. 

Existe a crença de que em épocas mais repressoras não existia o questionamento sobre a identidade de gênero. Ou seja: há quem acredite que em sociedades antigas e conservadoras todos se adequavam bem aos papéis de gênero pré-estabelecidos. 

Mas não era bem assim.

Durante muito tempo, as pessoas que não se comportavam de acordo com seu gênero biológico eram consideradas doentes. Por causa disso, foram internadas em hospícios e afastadas da sociedade. 

Também era comum que as pessoas confundissem a identidade de gênero com a sexualidade. Logo, aqueles que expressavam uma identidade de gênero fora do padrão eram considerados pervertidos ou anormais. 

Isso fazia com que pessoas que agiam fora dos padrões de gênero fossem isoladas, agredidas ou assassinadas. A vida destas pessoas era extremamente difícil. 

Por isso, muitos indivíduos escolhiam negar ou esconder sua identidade de gênero. Ainda hoje, a livre expressão da identidade de gênero não é exatamente fácil para quem não se adequa às expectativas sociais . 

Sexualidade e identidade de gênero: qual é a relação?

Nenhuma relação. 

A identidade de gênero diz respeito a como uma pessoa se sente em relação a si própria

Já a sexualidade envolve os sentimentos e relacionamentos que temos com outras pessoas. Isso significa que a orientação sexual de cada indivíduo não influencia em nada a sua identidade de gênero. E vice-versa. 

Por exemplo: Uma pessoa que se identifica com o gênero feminino pode se sentir sexualmente atraída por pessoas do gênero masculino. Ou por pessoas do gênero feminino. Ou pelos dois gêneros,  ou por nenhum dos dois gêneros. Em todos esses casos, a pessoa continua com a mesma identidade de gênero: a feminina. 

Conheça os diferentes tipos (mais conhecidos) de gênero

Foto de bonecos enfileirados e cada um tem uma cor da bandeira LGBTQIA+

Falamos muito até aqui sobre a identidade de gênero masculina e feminina. Mas elas não são as únicas que existem

O gênero está relacionado aos papéis sociais. Logo, o reconhecimento dos gêneros tem a ver com cada sociedade. Os tipos de gêneros variam muito de cultura para cultura.

De acordo com a Comissão de Direitos Humanos de Nova York, por exemplo, existem 31 gêneros diferentes. Algumas tribos indígenas reconheciam cinco gêneros diferentes. Já em algumas comunidades mexicanas, as pessoas reconhecem três gêneros distintos. 

Vamos ver os gêneros mais conhecidos na nossa sociedade:

 Cisgênero

São as pessoas que nascem com um determinado sexo biologico e se identificam com ele

Uma pessoa que nasce com o sexo masculino e tem a identidade de gênero masculina, por exemplo, é cisgênero. O mesmo acontece com as pessoas que nascem biologicamente com o sexo feminino e se identificam com o gênero feminino.

Transgênero

São as pessoas que nascem com um sexo biológico mas se identificam com outro gênero. 

Uma pessoa que nasce com o sexo biológico feminino,mas tem a identidade de gênero masculina, é um homem transgênero

Já alguém que nasce com o sexo biológico masculino e se identifica com o gênero feminino. é uma mulher transgênero

Existe a crença de que as pessoas transgênero não se sentem confortáveis com o seu próprio corpo. Nem sempre isso é verdade.

Existem pessoas transgênero que sentem a necessidade de fazer modificações corporais ou cirurgias. 

Mas existem também pessoas transgênero que se sentem confortáveis com o seu próprio corpo e não querem fazer cirurgias. 

Como dissemos, a identidade e a expressão de gênero são pessoais. Todas as experiências são igualmente válidas e devem ser respeitadas da mesma forma. 

Afinal, não há nada de errado com a forma que cada indivíduo escolhe para vivenciar e expressar sua identidade. 

Travesti

Travestis são as pessoas que nascem com o sexo masculino, mas possuem a identidade de gênero feminina.  As travestis se identificam com o gênero feminino. 

Então, o que diferencia uma mulher transgênero de um travesti?  A diferença é a palavra que cada pessoa escolhe para se identificar. 

Utilizar o termo travesti é importante para muitas pessoas. Isso porque, durante muito tempo, a palavra travesti foi usada de forma pejorativa. 

Então, hoje em dia, muitas pessoas escolhem se identificar como travesti para expressar sua resistência política. Ter orgulho de ser travesti é uma forma de protestar contra a violência que o grupo sofreu ao longo dos anos. 

A palavra “travesti”, antes associada com a marginalidade, está sendo resgatada como forma de mostrar orgulho da trajetória deste grupo.

Não-binário

As pessoas não-binárias são aquelas que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o gênero feminino. 

Basicamente, o nosso sistema social de classificação de gêneros é binário e reconhece dois gêneros: masculino e feminino. Mas muitas identidades de gênero não se encaixam em uma dessas duas opções. 

Há, por exemplo, as pessoas agênero (ou gênero neutro). Elas não se identificam com nenhuma identidade de gênero.

Já as pessoas de gênero fluido são aquelas que mudam sua identidade de gênero de tempos em tempos. 

As pessoas andróginas, por outro lado, são aquelas que mesclam duas identidades de gênero diferentes.

Existem mais de 300 classificações diferentes de gênero para pessoas não binárias. 

Queer

Como estamos vendo, há diversas identidades de gênero. Mas… e as pessoas que não se identificam com nenhuma delas?

Queer é uma palavra utilizada para acolher todas as pessoas que não se sentem representadas pelas demais identidades de gênero.

Muitas pessoas se sentem mais confortáveis com a identidade “queer” porque ela abriga diferentes experiências e subjetividades. A identidade queer é adotada por indivíduos que não são cisgêneros, mas preferem não se definir com outras identidades específicas.

Assim como a palavra travesti, o termo “queer”, no passado, era utilizado de forma pejorativa ou violenta. Aqueles que não seguiam os padrões normativos de gênero eram chamados de queer. 

Atualmente, muitas pessoas que não seguem os padrões utilizam a palavra queer com orgulho. É uma maneira de expressar a não conformidade com rótulos ou papéis de gênero mais específicos, tradicionais ou não. 

Interssexual

São pessoas que nascem com características sexuais biológicas que se encaixam tanto no gênero masculino quanto no feminino

Essas variações podem ser físicas, hormonais ou de qualquer outra ordem. Há casos em que é possível identificar uma pessoa como intersexo no momento de seu nascimento.

Infelizmente, quando uma pessoa nasce intersexual, muitos genitores optam por fazer cirurgias no bebê. O objetivo é definir um sexo para a criança e fazer a adequação física o quanto antes. 

Em outros casos a pessoa só descobre que é intersexual com a chegada da puberdade. Um exemplo disso são as pessoas que nascem com variações hormonais. 

A intersexualidade é biológica. Por isso, uma pessoa intersexo pode ter qualquer identidade de gênero, assim como todas as outras pessoas. 

Identidade de gênero vs expressão de gênero

uma drag queen está de perfil abanando um leque com as cores da bandeira LGBTQIA+

Como dissemos antes, a identidade de gênero é a forma como alguém se percebe em relação ao gênero. 

A expressão de gênero, por outro lado, é a forma como cada pessoa escolhe manifestar a sua identidade de gênero. Essa expressão pode acontecer através de roupas, corte de cabelo, gestos ou qualquer outra forma que a pessoa deseje. 

A expressão de gênero é uma escolha e pode acontecer o tempo todo ou apenas em alguns momentos. Muitas pessoas escolhem fazer a performance de um gênero como forma de se expressar artisticamente.

As pessoas andróginas optam por adotar características físicas que não são associadas a nenhum dos dois gêneros. A atriz Tilda Swinton e o cantor David Bowie são conhecidos pela sua androginia

Duas expressões de gênero artísticas muito conhecidas são as Drag Queens e os Drag Kings

As Drag Queens são pessoas que se vestem de uma forma  feminina exagerada e caricata para shows e performances. 

Já os Drag Kings se vestem exageradamente como homens, também com o objetivo de fazer uma performance artística. 

Porque ideologia de gênero é um mito

A ideologia de gênero é um termo pejorativo, criado pelos setores conservadores da sociedade com o objetivo de oprimir as pessoas

Há grupos que acreditam que a expressão da identidade de gênero ameaça os valores tradicionais da família e da sociedade. Essas pessoas entendem que a diversidade e a expressão de cada indivíduo são ameaçadoras. 

Para alguns grupos conservadores, reconhecer as diferentes identidades de gênero é uma “ideologia”. O objetivo da expressão livre de gênero, sob esta ótica, é destruir os papéis tradicionais do homem e da mulher. 

Obviamente, não existe ideologia de gênero nenhuma. O que existe são pessoas que desejam ser tratadas de acordo com a forma que se percebem. Ou seja, de acordo com sua identidade de gênero. 

Nenhum grupo de pessoas com identidade de gênero diferente do padrão tem como objetivo destruir quem quer que seja. Estes grupos estão ocupados demais lutando por direitos básicos como: não sofrer violência e ter acesso à cidadania. 

Papéis de gênero: você é treinada a desempenhar um papel

foto com o fundo todo preto onde só aparece dois letreiros de luz neon escritos boys (com a cor azul) e girls (com a cor rosa)

Quando um bebê está para nascer, a família monta um enxoval. Em muitos casos, as cores escolhidas são azul para os meninos e rosa para as meninas. 

Ou seja: antes mesmo de a criança chegar ao mundo, outras pessoas já decidiram qual será a sua identidade de gênero

E mais: todos esperam que as pessoas, independente de qualquer fator, se comportem de acordo com seu gênero biológico. Desde cedo as crianças são ensinadas e estimuladas a desempenhar um papel de “menino” ou de “menina”

Ou seja: o gênero, desde o início até o final das nossas vidas, é um  processo de socialização.

A tendência, para muitas pessoas, é tentar cumprir as expectativas da família, amigos e demais pessoas. 

Os comportamentos e gostos associados ao “masculino” ou ao “feminino” são definidos e reforçados a partir da convivência. 

Nós, seres humanos, aprendemos e nos transformamos através da socialização. E o gênero, assim como tantas outras coisas, também é construído pela sociedade. Logo, ele pode ser questionado e debatido para acolher a diversidade. 

Você se sente confortável com a sua identidade de gênero? Conta para a gente nos comentários!

Quero saber mais!

A identidade de gênero é um assunto que te interessa muito? Você quer saber mais sobre o assunto? Saiba que há muito material interessante sobre o tema. Veja algumas dicas:

Livros de ficção

Middlesex ( Jeffrey Eugenides) – Narra a trajetória de uma pessoa que nasce intersexo, é criada como menina e descobre, com a puberdade, sua condição. O livro questiona até que ponto a identidade de gênero é uma condição social.

Orlando: uma biografia (Virginia Woolf) – É uma biografia ficcional sobre um homem cisgênero, nobre inglês. No meio da história, misteriosamente, Orlando passa por uma transformação e se torna Lady Orlando. A partir disso, a autora explora as desigualdades de tratamento que eram dadas a cada um dos gêneros. 

Livros de não-ficção:

Viagem Solitária (João Nery) – É autobiografia do primeiro homem transsexual brasileiro a fazer uma cirurgia de redesignação sexual. O livro mostra as dificuldades e a luta de uma pessoa trans em uma época em que a identidade de gênero não era um assunto debatido abertamente.

E se eu fosse pura (Amara Moira) – É a autobiografia de uma travesti brasileira, que já trabalhou como prostituta e conta sua experiência com a identidade de gênero, e o trabalho sexual. Atualmente Amara Moira é professora de literatura da USP e já ministrou cursos livres sobre a identidade travesti.

Filmes:

A Garota Dinamarquesa (2015)- Baseado em fatos reais, o filme mostra a história e luta de uma pessoa que deseja adequar seu gênero durante a década de 1920 na Dinamarca. A mulher trans Lili Elbe foi uma das primeiras pessoas a fazer a cirurgia de redesignação sexual no mundo.

Minha Vida em Cor-de Rosa (1997) – O filme mostra uma criança de sete anos, que nasce com sexo masculino mas se identifica com o gênero feminino. A partir daí, os conflitos com a família, escola e amigos se desenrolam. 

Documentários:

Laerte-se (2017) – Mostra a trajetória da cartunista brasileira Laerte e seu caminho para reconhecer e aceitar sua identidade de gênero.

Paris is Burning (1990) – Esse documentário mostra os bailes Vogue de Nova York e as diferentes pessoas Drag, transsexuais e com outros gêneros que usam a performance de gênero para se expressar de forma política. 

Canais do Youtube:

Tempero Drag – É o canal de Rita von Hunty, uma Drag Queen que aborda diversos assuntos como: identidade de gênero, sexualidade, cultura, religião, sociedade, entre outros.

Lucca Najar – Lucca é um homem trans e aborda diversos aspectos da sua vida no canal, desde moda e mudança de endereço até cirurgia de redesignação sexual e tratamento com hormônios. 

Trans Preta -Canal de Giovanna Heliodora, aborda diversos aspectos da vivência de travestis e mulheres transsexuais, especialmente aquelas que também são negras.

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