Você conhece o mito das 9 musas gregas?

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Provavelmente você já ouviu falar em artistas e suas musas. Atualmente, a palavra musa é usada para falar sobre uma pessoa que inspira uma obra de arte. Mas será que sempre foi assim?

Hoje vamos falar sobre as musas gregas. Para saber quem eram e qual é a sua relação com a arte, é só continuar a leitura.

Conheça as 9 musas da mitologia grega

De acordo com a mitologia grega, as musas são as divindades responsáveis pela inspiração em criações artísticas ou científicas. 

Ou seja: elas são entidades com poder de auxiliar a criatividade dos seres humanos. Mas como surgiram as musas na Grécia?

A arte, a poesia e o canto eram muito valorizados na sociedade grega. Por este motivo, não é de espantar que as pessoas pedissem ajuda dos deuses em suas criações artísticas. 

Na antiguidade, as pessoas recorriam a diversas divindades em busca de auxílio para criar poesias e canções.Com o passar do tempo, surgiu o conceito das Musas, que eram divindades responsáveis pela inspiração artística. 

Assim como ocorre com muitos seres mitológicos, as histórias sobre as musas apresentaram diversas mudanças ao longo da história. 

Quem eram as primeiras musas?

As primeiras divindades associadas à inspiração artística na Grécia são conhecidas como Musas Titânicas ou Musas Primordiais. As pessoas acreditavam que elas moravam no Monte Hélicon, que ficava na Beócia, região central da Antiga Grécia. 

Nessa época, acreditava-se que as Musas eram filhas de Gaia, a Mãe-Terra e de Urano, deus do céu. 

É possível ver uma representação das três musas titânicas feitas pelo escultor Praxíteles, por volta do século 4 a.C.

As três Musas Primordiais representavam três aspectos que, juntos, eram fundamentais para a criação da poesia grega.

  • Meletea: Responsável pelo pensamento e pela meditação que antecedem a criação de uma obra artística;
  • Aoidea:  Responsável pela beleza e pela harmonia da voz humana. Vale lembrar que a poesia grega não era feita para ser lida. O poeta cantava as palavras para o público;
  • Mneme: Responsável pela memória e pela capacidade de lembrar dos acontecimentos do passado.

Doze dos filhos de Urano e Gaia ficaram conhecidos como os Titãs, seres que deram origem aos deuses do Olimpo. 

Quem eram as nove musas do Olimpo?

As nove musas da Grécia foram criadas depois da derrota dos Titãs. Saiba como isso aconteceu.

O mais poderoso dos titãs era Chronos, uma divindade cruel e tirânica que acabou sendo derrotada pelo próprio filho, Zeus.  

Após se tornar o mais poderoso deus do Olimpo, Zeus precisava criar seres que pudessem cantar as vitórias e feitos dos deuses do Olimpo. 

Ele procurou Mneme, também conhecida como Mnemosine, deusa da memória. Zeus e Mnemosine fizeram sexo durante nove noites, gerando então as nove musas.

A relação entre as musas e Mnemosine é significativa. Na Grécia Antiga, boa parte da população não utilizava a escrita no cotidiano. As histórias, as descobertas, a poesia e o teatro, eram transmitidas de forma oral. Por esse motivo, a memória era fundamental para que o conhecimento fosse passado de geração em geração.

As musas divertiam os deuses do Olimpo com seus diversos talentos artísticos. Elas se reuniam em torno do deus Apolo, divindade associada às artes, à beleza e à harmonia. 

Por este motivo, Apolo passou a ser conhecido também como Musagetes, nome que significa “líder das musas”. A morada do grupo ficava no Monte Hélicon, mesmo local em que as Musas Titânicas viviam anteriormente.

Mesmo sendo divindades ligadas às artes e à beleza, as musas tinham uma face perigosa. Elas puniam severamente aqueles que não demonstraram o devido respeito. 

Em certa ocasião, as nove filhas do Rei Pierus desafiaram as nove musas para uma competição musical. Depois de perder, as filhas do rei foram transformadas em pássaros. 

Tâmiris, músico que dizia cantar melhor que as musas, terminou por perder a visão. Abalado, ele desistiu da música e terminou seus dias abandonado, sem qualquer reconhecimento. 

Portanto, as musas gregas tinham um papel fundamental para os artistas. Uma pessoa inspirada pelas musas criava obras magníficas e alcançava o sucesso e a glória. Por outro lado, aquele que não prestava o devido respeito a essas divindades, teria como destino a total falta de reconhecimento.

Por este motivo, a maior parte dos artistas e cientistas iniciava seus trabalhos homenageando as musas. A aprovação das musas era crucial para criar uma obra de qualidade, que seria bem recebida pelo público.

Cada uma das nove musas era associada a um campo do conhecimento. Vamos descobrir mais sobre cada uma delas.

Calíope

estatua da Caliope ao ar livre. Ela segura um pergaminho e um instrumento musical em cada uma das mãos
  • Significado do nome: “A bela voz”
  • Domínio: Poesia épica, eloquência, ciências
  • Símbolos: Pergaminho ou tabuleta (para escrever), coroa de ouro, trombeta

Calíope é a mais antiga e também a mais sábia das musas. Ela é associada à poesia épica, à arte de falar bem e às ciências de forma geral. 

Normalmente, ela é representada segurando um pergaminho ou com tabuleta para escrever. Essa simbologia remete ao gesto de escrever poesia. 

Hesíodo, Homero (na Grécia), Ovídio e Virgílio (em Roma) evocam a ajuda de Calíope em seus poemas épicos. 

Devido à sua sabedoria, Calíope era chamada para auxiliar nos julgamentos de questões importantes para os deuses do Olimpo. 

De acordo com algumas lendas, a musa passava mel nos lábios dos reis humanos. Como consequência, esses governantes sabiam falar bem, com palavras justas e sábias.

Calíope teve dois filhos com Apolo: Orfeu e Lino. Os dois são personagens mortais da mitologia grega, conhecidos pelo talento musical. 

Orfeu ganhou do pai uma lira mágica e se tornou um dos mais famosos músicos da Grécia. Lino era conhecido pelo talento para falar em público, sendo associado ao dom da eloquência.

Clio 

  • Significado do nome: “Aquela que anuncia” ou “Aquela que traz fama”
  • Domínio: História, criatividade
  • Símbolos: Trombeta, livro, rolo de papel, coroa de louros

Clio é a musa que divulga os grandes feitos e realizações dos deuses e dos seres humanos, fazendo com que eles sejam lembrados pela História e pelos historiadores. 

Ela costuma ser representada junto com dois objetos. São eles: um livro, que simboliza o registro do passado e uma trombeta, que indica o anúncio dos grandes feitos. A coroa de louros, símbolo da vitória e da glória na cultura grega, também é associada a esta musa.

Clio teria sido responsável pela introdução do alfabeto fenício na cultura grega. Ela também é associada ao sucesso dos gregos na escrita.  

Erato 

  • Significado do nome: “A adorável”
  • Domínio: Poesia lírica e amorosa 
  • Símbolo: Lira ou alaúde, coroa de rosas, companhia do Cupido

É a musa da poesia lírica, gênero que expressa emoções e sentimentos pessoais. As obras que falam de amor e de paixão também pertencem aos domínios de Erato. 

A poesia lírica tem esse nome porque, quando surgiu, era declamada pelos poetas com o acompanhamento de um instrumento musical chamado lira. 

Por este motivo, Erato aparece frequentemente segurando uma lira. Além disso, é comum que a musa esteja acompanhada por um menino com ar travesso. Trata-se de Cupido, divindade associada à paixão e ao amor romântico.

Euterpe 

estátua musa Euterpe ao ar livre. Ela está sentada segurando em seu colo o que parece ser um papiro
  • Significado do nome: “Aquela que dá prazer”
  • Domínio: Música
  • Símbolo: Flauta, coroa de hera

É a responsável pela inspiração para os músicos. Euterpe teria inventado os instrumentos musicais de sopro para que a humanidade pudesse usufruir a beleza musical. 

Não por acaso, seu nome pode ser traduzido como “aquela que traz o deleite” ou “aquela que dá prazer”. Euterpe costuma ser representada segurando algum instrumento musical. Na maior parte das vezes, trata-se de uma flauta dupla.  

Melpômene

estátua Melpomene segurando uma máscara da tragédia
  • Significado do nome: “A que tem melodia”
  • Domínio: Tragédia
  • Símbolo: Máscara da tragédia, punhal e cetro

A maior parte das musas são associadas a sentimentos agradáveis. Este não é o caso de Melpômene. Ela é a musa da tragédia, gênero dramático muito apreciado pelos gregos.

O objetivo das tragédias é levar o público a sentir compaixão ou terror diante dos acontecimentos encenados. Por este motivo, Melpômene costuma ser representada com uma expressão facial séria ou triste. 

Seu nome, associado à canção e à melodia, é uma referência ao teatro grego, que era fundamentalmente uma apresentação musical.  

Outra tradução para o nome Melpômene pode ser “a que celebra com canções”. Nesse caso, o nome é uma referência aos hinos cantados durante os ritos funerários na Grécia Antiga. Afinal, as tragédias gregas costumam terminar com a morte de um ou mais personagens.

Na maior parte das vezes, Melpômene aparece segurando uma máscara, que simboliza o gênero trágico no teatro grego. Sófocles, um dos mais importantes dramaturgos da Grécia, era considerado um protegido de Melpômene.

De acordo com algumas histórias, Melpômene é mãe das sereias. A associação não é por acaso. Assim como a musa, as sereias envolvem o ouvinte em um canto melodioso, que termina com um final trágico.

Polímnia 

  • Significado do nome: “ A que canta muitos louvores”
  • Domínio: Poesia sagrada e oratória
  • Símbolo: Véu, cetro, rolo de papiro

Polímnia é a musa associada aos hinos e à poesia feitos para honrar os deuses. Ela também pode inspirar as pessoas a se expressar de forma mais eloquente. 

Aqueles que buscavam fazer discursos para inspirar as demais pessoas costumavam pedir ajuda para Polímnia.

Acredita-se que Polímnia criava seus próprios hinos, daí o significado de seu nome: “aquela que canta muitos hinos”. 

Uma curiosidade é que o poeta grego Hesíodo, ao cantar sobre a origem dos deuses na Grécia, pede inspiração a duas musas. Calíope e Polímnia. Isso porque a Teogonia, escrita pelo poeta, é uma obra épica (portanto, sob o domínio de Calíope) que aborda um tema divino (especialidade de Polímnia).

Devido à sua conexão com o mundo espiritual, Polímnia costuma ser retratada com uma expressão contemplativa, envolta em um véu. Em muitos casos, a musa aparece com uma das mãos levantada, o que simboliza a capacidade da oratória.

Tália 

estátua da musa Tália segurando seu vestido com uma mão e uma espécie de cajado em outra
  • Significado do nome: “A que festeja” ou “aquela que floresce”
  • Domínio: Comédia
  • Símbolo: Máscara da comédia, coroa de hera

Associada ao teatro grego, Tália é a musa responsável pelas peças de comédia. Por isso, ela costuma ser representada com um semblante alegre, segurando a máscara de teatro que corresponde ao riso. 

Apesar de ser uma divindade associada à leveza e à comicidade, é importante ter em mente que o humor tinha um importante papel político na Grécia. 

As comédias eram consideradas importantes por seu poder de abordar assuntos relevantes de uma forma divertida.

Aristófanes, dramaturgo que era considerado protegido pela musa, escrevia peças com grande teor de sátira e de crítica social.  

Terpsícore 

  • Significado do nome: “A que se deleita na dança”
  • Domínio: Dança
  • Símbolo: Instrumento musical.

É a musa que inspira os movimentos graciosos, a dança e a música cantada em coro. Vale lembrar que, no teatro grego, o coro era formado por atores que cantavam e que se movimentavam juntos, em harmonia.  

Apesar de ser a divindade associada à dança, é raro que Terpsícore apareça movimentando o corpo. Na maior parte das vezes, ela é retratada sentada, segurando um instrumento musical. 

Esse instrumento muda de acordo com o artista que representa a musa. Sendo assim, há retratos da musa segurando lira, pandeiro, triângulo, entre outros.

Urânia

estátua musa Urânia ao ar livre. Ela segura o que parece ser um globo em suas mãos
  • Significado do nome: “A celestial”
  • Domínio: Astronomia
  • Símbolo: Globo, coroa de estrelas, vestes na cor azul

É a musa associada à astronomia, sendo uma musa mais ligada ao campo das ciências do que das artes. Ela costuma ser retratada com uma coroa de estrelas. É um símbolo da influência que a musa tem no conhecimento dos astros. 

Acreditava-se que Urania tinha também o dom de prever o futuro através dos corpos celestes. As pessoas observavam o céu durante a noite e pediam que a musa ajudasse a adivinhar o que estava para acontecer. Por isso, Urânia é associada também à astrologia.

O mito das musas ao redor do mundo

As musas são divindades que surgem dentro da cultura e da mitologia na Grécia Antiga. Apesar disso, outros locais do mundo também apresentam  mitologias com seres divinos, responsáveis pela inspiração. 

Na Roma Antiga, existia o culto às Camenas. Elas eram ninfas, divindades da água. Acreditava-se que tinham o poder de curar doenças e de prever o futuro. Havia quatro Camenas. 

Carmenta era a mais conhecida do grupo, sendo uma divindade associada à cura e ao parto. Ela era acompanhada pelas irmãs Antevorta e Postvorta. Antevorta representa a memória dos acontecimentos passados enquanto Postvorta simboliza o conhecimento do futuro. 

A quarta divindade é Aegeria, cujos poderes estão relacionados à cura, ao conhecimento sagrado e à inspiração. 

De acordo com a mitologia, Aegeria foi conselheira de Numa, o segundo rei de Roma. Graças ao auxílio da divindade, Numa conseguiu estabelecer uma série de leis e rituais sagrados em Roma. 

Quando as civilizações grega e romana entraram em contato, as Camenas passaram a ser identificadas com as musas. 

Lívio Andrônico, poeta romano que viveu durante os anos 200 a.C., já chamava as Musas gregas de “Camenaeto”. O mesmo ocorre com outros poetas romanos, como Virgílio e Ovídio

De divindades a seres humanos: a mudança no conceito de musa

Durante a Idade Média, as divindades gregas e romanas deixaram de ser cultuadas pela maior parte das pessoas. Afinal, a religião oficial no ocidente era o cristianismo. As obras de arte do período eram majoritariamente religiosas. Portanto, a inspiração dos artistas deveria estar relacionada às figuras bíblicas. 

Havia poucas exceções, como as cantigas trovadorescas, que falavam sobre pessoas comuns. Algumas delas, como as cantigas de amor, eram inspiradas por mulheres das camadas mais altas da sociedade. Ainda assim, essas mulheres não eram vistas ou chamadas de musas. 

Com a chegada do Renascimento, muitos artistas e escritores se voltam para a cultura clássica. As musas, assim como diversas divindades gregas, aparecem com frequência em obras de arte do período. 

Durante esta época, as mulheres que inspiravam os artistas passaram a ser chamadas de musas. Um dos exemplos mais conhecidos é Simonetta Vespucci, uma nobre que viveu em Florença durante o século 15. 

Ela encarnava o ideal de beleza da época. Por isso, diferentes pintores e poetas se inspiraram nela em suas criações artísticas. Um dos mais conhecidos foi Sandro Botticelli, que utilizou o rosto de Simonetta em diversas obras.

Essa mudança cultural modificou a percepção sobre quem eram as musas. A partir do Renascimento, a palavra “musa” não se refere a uma divindade. Ela é utilizada para descrever mulheres em quem os artistas se inspiram para produzir suas obras.

Ao mesmo tempo, os temas greco-romanos continuam a aparecer nas obras de arte. Logo, a  representação das musas gregas na arte continua a aparecer durante o barroco, o rococó e o neoclassicismo

As musas eram sempre mulheres?

Na antiguidade, as musas são representadas como divindades do sexo feminino. Isso ocorre tanto na cultura grega quanto na cultura romana, com as Camenas. 

Por se tratar de seres que foram criados há muitos séculos, não podemos afirmar com certeza por que motivo as musas são sempre mulheres. 

O fato é que, na sociedade grega, a divisão de gêneros é bastante marcada. Talvez por este motivo algumas criaturas mitológicas costumam ter um gênero específico. Por exemplo: as sereias, assim como as musas, são sempre mulheres. Já os sátiros, criaturas metade homem e metade bode, são sempre do sexo masculino.

Acontece que, apesar do talento e da habilidade artística e científica das musas, a criação artística na Grécia é atribuída majoritariamente aos homens. 

Sendo assim, é preciso pensar sobre o motivo pelo qual a inspiração é associada às figuras femininas. Ao passo que a capacidade de criação é atribuída aos homens. Vale lembrar que a história da arte ocidental reforçou essa mentalidade ao longo dos séculos.

Para a escritora feminista Germaine Greer, a relação entre artistas e musas está diretamente relacionada aos papéis de gênero, em que o homem ocupa o lugar de criador. 

Consequentemente, para Greer, a mulher passa a ser vista como um apoio para o artista homem. Ela irá cumprir a função de oferecer os meios para que a criação masculina se concretize. 

A escritora Eleanor Antoniou aponta o paradoxo que se forma em decorrência disso: as musas gregas inspiram os homens. Estes, por sua vez, começam a moldar as musas e a construir uma determinada imagem delas nas obras de arte. 

Neste processo, conforme Antoniou, os homens se apropriam do conceito de musa e o transformam ao longo do tempo. Dessa forma, as musas passam de divindades criadoras a seres passivos, cuja única função é servir como companhia para o artista. 

Para Antoniou, a musa se torna, então, uma mulher objetificada e passiva que, devido à beleza física, estimula a criatividade artística do homem.

A jornalista Angelica Frey aborda outro aspecto problemático. Ao longo da história da arte, a palavra musa tem sido utilizada para falar sobre mulheres que convivem com artistas homens. 

Com isso, o termo “musa” é utilizado para minimizar o trabalho criador das mulheres. 

Um exemplo disso é Emilie Louise Flöge, que viveu entre o século 19 e o século 20. 

Floge era considerada uma estilista de vanguarda e sua loja liderou o mercado autrícaco da moda durante anos. Apesar disso, ela costuma ser lembrada apenas como a musa do pintor Gustav Klimt

Dora Maar fotógrafa, poeta e pintora, teve uma importante carreira e influenciou significativamente as artes plásticas de vanguarda durante a década de 1930. Entretanto, por muitos anos, ela era mencionada apenas como a musa que inspirou Pablo Picasso.

Por isso, algumas artistas mulheres buscaram reinventar a relação entre a criação artística e as musas. 

A pintora mexicana Frida Khalo expressa a relação com a musa em uma frase emblemática. “Eu sou minha única musa, o assunto que conheço melhor“. 

Khalo pintou uma grande quantidade de autorretratos. Ela era musa de si mesma, produzindo obras que a mostravam ao mesmo tempo como artista inspirada e como musa inspiradora.

Outra forma de abordar a musa na arte contemporânea aparece quando artistas mulheres deixam claro que suas obras são inspiradas por homens. O par artista/musa passa a ter os papéis tradicionais de gênero invertidos. Afinal, a pessoa que cria é uma mulher, enquanto a função de musa passa a ser ocupada por um homem.

O impacto do mito das musas na nossa sociedade

O imaginário ligado às musas é bastante forte na cultura ocidental. Podemos notar essa presença em algumas palavras que fazem parte do nosso dia a dia. 

A palavra música também é derivada do idioma grego. Etimologicamente, música significa “a arte das musas”. Isso não é uma surpresa, já que boa parte das musas tem talentos ligados aos sons, à melodia e ao canto.

A palavra museu também tem relação com as musas, divindades que são filhas da deusa da memória. Um dos principais objetivos dos museus é preservar objetos considerados importantes. 

No idioma grego, museîon significa a residência das musas. Na antiguidade, as obras dos museîon gregos abrigavam os tesouros dos templos, com objetivo de agradar as divindades. 

Acreditava-se que, nesses locais, era possível deixar os pensamentos livres e permitir que a criatividade pudesse fluir livremente. 

Posteriormente, no século II a.C., a palavra mouseîon foi utilizada para descrever um acervo cujo objetivo era estimular o conhecimento. Era o mouseion de Alexandria, um dos maiores centros de conhecimento da antiguidade. 

Até os dias de hoje, utilizamos a palavra “museu” para descrever instituições dedicadas a preservar a memória, a história e a cultura.

10 livros sobre musas

Você se interessou pelas musas e quer descobrir mais sobre elas? Confira algumas dicas de livros sobre o assunto

  1. Numa e a Ninfa: A relação entre o imperador Numa e a musa romana Aegeria ficou bastante conhecida na antiguidade. Lima Barreto transporta essa história para o Brasil no início do século XX. Dessa forma, o escritor constrói uma crítica mordaz sobre os costumes e a política da época.
  1. Antiga Musa: Ideal para quem se interessa sobre a relação entre as musas e a poesia. O autor, Jacyntho Brandão, é uma das maiores referências em literatura clássica no Brasil. Neste livro, ele aborda como se deu o surgimento da poesia épica na Grécia. Sem deixar de lado, claro, as relações entre os poetas e as musas.
  1. Musa Praguejadora: Esse livro trata sobre a vida e a obra de Gregório de Matos, um dos mais importantes poetas do Brasil colonial.Conhecido como “boca do inferno”, devido às suas críticas contundentes, Matos pagou um preço alto por suas criações.
  1. Tarô das Musas: Esse não é um livro, mas sim um conjunto com 78 cartas de tarô e um guia com os significados das cartas. As ilustrações foram criadas com objetivo de inspirar a leitura e estimular a criatividade.
  1. Histórias: A conquista da Pérsia foi fundamental para que os gregos ocupassem uma posição de destaque durante a antiguidade. No século 5a.C. o historiador Heródoto narrou o conflito com uma incrível riqueza de detalhes em seu livro Histórias. São nove volumes, cada um dedicado a uma das musas. Eles podem ser adquiridos separadamente ou em um box com toda a coleção.
  1. As Musas: Você não abre mão de um bom livro de suspense? Então vai gostar deste título. A trama se passa no presente, na Universidade de Cambridge. Um professor especialista em tragédias gregas é adorado por uma sociedade de alunas que se intitula como “as musas”. Quando uma delas é assassinada, a esposa do professor começa a investigar o caso.
  1. As Metamorfoses: Neste poema épico, Ovídio evoca as musas para narrar diversas histórias da mitologia grega e romana. Para o poeta, o principal tema dos mitos está no fato de que tudo – na vida e na ficção – está em constante mudança. Daí o título da obra.
  1. Mitologia Grega: Quem quer conhecer a mitologia grega de forma profunda irá adorar mergulhar neste box. Ele reúne os três volumes de Junito Brandão, professor universitário e referência acadêmica em estudos clássicos. 
  1. Frida: a biografia: Frida ressignificou a relação entre inspiração e arte ao declarar ser musa de si mesma. Nessa biografia super detalhada, é possível conhecer diversos aspectos sobre a vida e a obra da pintora mexicana.
  1. Mulheres, mitos e deusas: Qual é o papel que a mulher e o feminino ocupam no imaginário ao longo dos tempos? É justamente isso que a autora busca investigar, analisando os diferentes arquétipos femininos no imaginário cultural. Isso inclui as musas e a forma como elas são percebidas.

Perguntas frequentes sobre musas

Respondemos as dúvidas mais comuns sobre as musas.

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